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Mônica Horta entrevista Ronaldo Fraga

22 agosto, 2008

Ronaldo Fraga, nascido em Belo Horizonte há quarenta e uns anos atrás, tornou-se estilista no susto. Nunca desejou sua carreira, não teve mãe costureira ou irmãs provando vestidos em casa e nunca brincou de boneca. Começou pelo simples fato de saber desenhar. Trezentos anos depois, continua ilustrando personagens para suas estórias: o que muitos chamam de moda. (Blog do Ronaldo)

Já não é mais segredo que este blog ama o Ronaldo Fraga. Também não é segredo nenhum que o estilista mineiro é um dos mais importantes e e criativos estilistas do país. Ele está a margem do que pode ser consicerado ‘enlado’, além do óbvio. Ronaldo é o diferncial diante de quase tudo o que se têm visto por aí.

Existem estilistas que apresentam um padrão, como o poetas parnasianos e suas técnicas e métricas. A gente já sabe mais ou menos o que esperar das suas criações. Mas o mineiro Ronaldo é surpreendente. Desapegado das tendência e apresentando um estilo de criação muito peculiar, desenvolve estampas e propõe uma estética mais ousada para a moda brasileira.

Em entrevista excluisva para Mônica Horta do site Cultura Fashion, o estilista fala sobre suas coleções, suas inspirações e seu processo de criação.

Segue aqui uma parte da entrevista do estilista mineiro:

Como é o início dessa sua história com roupa?
Foi em 84. Eu sempre tive uma proximidade muito grande com desenho. Então foi por isso, pelo traço. Talvez em virtude disso, sempre percebi o quanto é importante a memória gráfica, o registro gráfico numa coleção. Logo depois eu ingressei no curso de estilismo da UFMG, em Belo Horizonte, que foi o primeiro curso de moda do País, numa época em que nem em São Paulo existia (as pessoas saiam de São Paulo pra vir estudar em Minas), e em 90 eu mandei um projeto pra um concurso que investia nessa ferveção de novos talentos que a gente vê hoje, de novos estilistas, que era um concurso promovido pela Santista, que o primeiro era uma pós-graduação na Parsons, em Nova York. Eu fiquei um ano em NY, de lá fui pra Londres. Em Londres fiquei três anos e meio, ingressei na Saint Martin, e voltei pro Brasil em 96, na época do extinto Phytoervas fashion – um evento que viria originar, anos depois, o São Paulo Fashion Week.

O que te inspira…o que pode virar moda para você?
Tudo pode virar moda. Tudo. Tudo que tente estabelecer um mínimo de diálogo com o tempo que a gente tá vivendo. Tudo que registra o tempo. Acho que esse é o desafio da moda : retratar o tempo de uma forma digna.
Existem duas coisas: uma é a roupa, a outra é a moda. A moda é um documento do tempo, é um dos documentos mais eficazes que o homem inventou. A gente está começando a assumir isso agora. Eu diria que daqui a vinte anos a moda virá a ser estudada como ciência, porque através da moda você traça todo o caminho da humanidade. Através do que o homem vestiu. Agora, o significado da roupa na maioria das vezes funciona como um ingresso que permite a pessoa pertencer ou não a um grupo. Se ela vai pertencer e ficar no grupo, a roupa não vai sustentar isso. Mas considerando como um ingresso para ela se inserir, em determinado contexto, esse é o papel da roupa.

Sei que você despreza tendências… não se sente um pouco solitário na sua trajetória?

Não. Houve uma época que sim. Mas na verdade não se fala de uma evolução, de uma transformação; falam de tendência como uma coisa imediata, que é lançada em Paris e imediatamente já está no Bom Retiro. É preciso cuidado na análise das tendências. Não é: “vai usar”… vai usar durante duas semanas e a tendência já se esgotou. Hoje não existem tendências, não existe um grão de movimento de tendências. Hoje o que existe é um olhar individual de quem cria voltado para o indivíduo que vai usar.

SPFW - verão 2009

Leia a entrevista completa no Cultura Fashion.

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